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Uma questão de respeito

Por Isabel Cristina
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Rute Maria, 9 anos, ama cuidar de seus cachos. Foto: Isabel Cristina

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Iris Silva demonstra todo carinho pela filha. Foto: Isabel Cristina

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Rute maria, estimulada pela mãe desde a infância a se aceitar. Foto: Isabel Cristina

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Neuza Pires,51 anos e sua filha Luanna, 9 anos. Foto: Isabel Cristina

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Neuza Pires e sua filha Luanna. Foto: Isabel Cristina

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Amor entre mãe e filha supera qualquer barreira. Foto: Isabel Cristina

No Brasil o índice de crianças que já sofreram bullying chega a 43%, segundo uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2017, com 100 mil crianças e jovens de 18 países. O estudo revelou que  metade deles sofreu algum tipo de bullying por razões como aparência física, gênero, orientação sexual, etnia ou nacionalidade. O percentual divulgado chega a ser semelhante a outros países da América do Sul, como: Argentina (47,8%), Chile (33,2%), Uruguai (36,7%) e Colômbia (43,5%).

Histórias de bullying e preconceito se repetem cada vez mais nas escolas e até mesmo nos lares brasileiros. Um desses casos é o de Rute Maria, 9 anos, que sofre com comentários racistas de colegas da escola. "Uma menina me disse que meu cabelo quando seca fica uma bucha e também que meu cabelo é feio", conta.

Graças a sua mãe Iris Silva, 35 anos, Rute não perde o sorriso. Iris conta que quando a filha tinha quatro anos não queria ir para a creche com o cabelo solto. A situação foi se repetindo, e ela descobriu que as crianças falavam que o cabelo de Rute era feio. A situação foi um choque para a mãe, mas serviu como estímulo para o diálogo com Rute. "Comecei todo um trabalho para mostrar que o cabelo dela é bonito como é, passei a mostrar pessoas influentes que têm o cabelo igual ao dela e isso também foi o motivo para que eu não colocasse mais química no meu próprio cabelo, porque a primeira referência que ela tem é a minha", destaca.

É por esse motivo que mãe e filha se envolvem e lutam por um mesmo propósito, o respeito. Assim, Rute ressalta o quanto gosta de seus cachos e dá a eles todo cuidado necessário. "Eu acho meu cabelo bonito, gosto dele sempre arrumado e de cuidar dele. Minha mãe comprou uma linha de shampoo que vem até com ativador de cachos e eu adoro usa-lo", conta.

Iris, por sua vez, não proíbe a filha de fazer escova, mas esclarece que esta não é uma alternativa para esconder os cachos de Rute. "Ao comprar produtos específicos e dizer que isso foi desenvolvido para ela, para o seu natural, ela começou a se aceitar mais. Não importa o que as pessoas falam, porque elas falam muitas coisas, mas o que vai fazer a diferença é o que você pensa sobre você", explica.

O caso de Iris e Rute não é isolado e, muitas vezes, o preconceito vem da própria família. Neuza Pires, 54 anos, é mãe de quatro filhos. A caçula, Luanna Rodrigues, 9 anos, foi adotada com um ano e dois meses, mas, quando estava com três anos, sofreu com o preconceito de primos e tios. "Fui com a minha filha na casa dos meus familiares e lá tiraram fotos e depois mostraram para outras pessoas, fazendo vários comentários maldosos, inclusive o de que ela parecia uma macaca. Isso me chocou muito, me senti muito mal e me afastei dessas pessoas, mas mesmo assim não me esqueço desse momento horrível", conta.

Neuza acredita que o fato de ser branca e ter adotado uma menina negra afetava as pessoas de sua convivência. "Eu penso que o amor não tem barreiras, sejam diferenças de raça, cor, ou gênero. O amor e o orgulho que tenho da Luanna são o mais importante para mim", destaca.

Sobre os momentos de bullying na escola, Neuza relata que a filha reage de forma madura que até impressiona. "Eu, como mãe, fico triste, mas ela sempre está com a autoestima lá em cima e isso me ajuda a tentar superar tais situações", diz.

Luanna é um exemplo de criança que, apesar da pouca idade, se aceita como é na sua naturalidade e essência. "Eu não me sinto mal quando eles (colegas) falam porque eu me acho linda do jeito que eu sou. Eu conto para a minha mãe a maioria das vezes e vejo que ela sofre, mas falo para ela não sofrer porque eu sou linda e não é o que os outros falam que vai mudar isso", ressalta.

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