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Mulheres negras buscam representatividade
Por: Shisleny Gomes
Advogada Dayse Rodrigues
Foto: Reprodução

Dayse Rodrigues, 32 anos, é advogada há dois anos. Como toda mulher e negra,  já passou por constrangimentos por conta da pele. É comum ser alvo da observação e comentários de pessoas no ambiente profissional. “Acontece também de pessoas não acreditarem que sou advogada. Quando me perguntam com o que eu trabalho sempre vêm as indagações. Mas você é advogada mesmo, de verdade? Você tem OAB? Dizem que aquela prova é super difícil.”

 

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o rendimento da mulher negra cresceu 80% entre 1995 e 2015. Numa série histórica, homens brancos têm os melhores rendimentos, seguidos de mulheres brancas, homens negros e mulheres negras. O estudo mostra que, apesar de o rendimento das mulheres negras ter alcançado o maior crescimento, ainda hoje elas possuem uma remuneração menor que os outros grupos pesquisados.

 

A psicóloga e vice-coordenadora do instituto Afro Origem Inaô-Goiás, Cecília Vieira, revela que as relações, desde a chegada dos portugueses, indígenas e negros escravizados, usam o racismo e o preconceito como um “cimento que cola os tijolos da estrutura da sociedade brasileira. Mudar isso envolve mexer nessa estrutura que ainda é negada por muitos brasileiros em função do mito da democracia racial e dos processos de negação transmitidos culturalmente”, diz.

 

A agente de polícia Adriana Natália Silva Sales, 26 anos, é negra e filha de quilombola. A jovem já sofreu bullyng por conta do cabelo crespo e volumoso. Mas o que a deixou mais chateada foi a disputa por uma vaga no concurso. “Eu fiz um concurso na Universidade Federal de Goiás (UFG) por cotas raciais e não me aceitaram, pois falaram que eu não tinha biótipo de negra, entrei com recurso, mas não aceitaram”. Para Natália, as pessoas “diferentes” pela orientação sexual, raça, situação econômica e religião são menosprezadas na sociedade. “Ainda não cheguei profissionalmente onde quero, mas já conquistei minha primeira batalha que era entrar para a polícia.”

 

Dayse diz que o maior desafio é a luta contra si mesma. A advogada tenta se desvencilhar dos pontos negativos colocados. “Infelizmente é muito ruim a maneira como nós mulheres pretas somos vistas na sociedade. Ainda prevalece a máxima de que somos mulheres "quentes" e "boas de cama", somos muito mais do que um corpo bonito e desejável”.

 

Para mudar isso Cecília explica ser necessário um processo que envolva toda sociedade, negros e brancos em um método de aprendizagem. Segundo a psicóloga se aprendemos a ser preconceituosos, também podemos aprender a respeitar a diversidade como característica do ser humano. “O que envolve implementar a Lei 10639/03, criar e fortalecer políticas públicas com recursos que beneficiem a população negra, acabar com o genocídio da juventude negra, combater a crescente violência e o feminicídio das mulheres negras, exigir do estado brasileiro a liberdade  religiosa para  as religiões  de matriz africana, ocupar  na  sociedade  lugares de visibilidade positiva e empoderar nossas crianças negras para enfrentar esses desafios postos”, relata.

 

Instituto Afro Origem Inaô - Goiás

 

Apesar do cenário de opressão ser principalmente em relação às mulheres, algumas instituições trabalham com o objetivo de modificar essa realidade. Um exemplo é o Instituto Afro Origem Inaô, criado em 2015 com o objetivo contribuir com a população negra. O grupo entende que pode efetivar um projeto com foco na transformação da realidade de opressão social baseada no racismo vivido pelos negros. A função é colaborar para a reparação da identidade étnica-cultural e autoestima do povo negro, viabilizando ações que auxiliem na promoção da organização em busca de cidadania.

 

Serviços oferecidos:

 

  1. Assessoria pedagógica para a formação de professores;

     

  2. Palestras sobre racismo institucional, peculiaridade do racismo na sociedade brasileira e histórica do povo afrodescendente;

     

  3. Oficinas de autoestima e valorização dos negros e negras;

     


     
    Conheça mais sobre o trabalho do Instituto Afro Origem:

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    Facebook: Instituto AFRO Origem - GOIÁS

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