Cultura e identidade
Por Isabel Cristina
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Com o objetivo de quebrar paradigmas sociais por meio do empreendedorismo, em 2016, a jovem Anne Karolyne Rodrigues passou um mês no sertão do Piauí, em Acauã, fazendo trabalho voluntário. Nessa época descobriu como as mulheres, principalmente negras, tinham a autoestima baixa. De volta a Goiânia tornou-se maquiadora profissional com o intuito de valorizar os pontos fortes dos rostos destas mulheres.
Há um ano, Anne Karolyne investe no mercado da beleza e conta as dificuldades de ser empreendedora. “Não é fácil, a oscilação do mercado está sempre te fazendo economizar porque não se sabe como serão as próximas semanas. Outro ponto também é montar a sua cartela de cliente, demanda um pouco de tempo para que as pessoas conheçam seu trabalho e gostem, somados a um bom preço”, explica.
As redes sociais e a própria internet são aliadas na hora de montar um negócio. O jogo da conquista com os clientes começa antes do atendimento. Anne Karolyne divulga seu trabalho via redes sociais, noWhatsapp,Instagram eFacebook. Como essas mídias estão cada vez mais presentes na sociedade, servem com ferramenta no meio empreendedor.
“Quando as clientes me procuram, falo sobre a forma de pagamento e, se houver a confirmação do dia e do horário, já procuro saber qual é o evento, roupa, horário e tudo o que possa influenciar na make dela. Após isto, vou para a casa da cliente, o chamado atendimento homecare. E procuro trabalhar em seu rosto da maneira que ela se sinta bem consigo mesma”, explica.
Há cinco anos não havia diversidade de produtos para a pele negra, as tonalidades eram escuras ou claras demais. Atualmente, as marcas investem nas diferentes nuances da pele negra, aumentando as opções. Para Anne Karolyne, há muito o que melhorar, mas em comparação com o passado, o mercado avançou. “Quando vou maquiá-las, procuro trabalhar com produtos de boa a excelente qualidade, dado que elas estão pagando para receberem um bom serviço”, diz.
Foto: Isabel Cristina
Para Erika Santos, além da questão estética, o fato de empreender no ramo da moda colaborou para que pudesse atuar em outros espaços da cultura e, sobretudo, a produzir e difundir a cultura negra. “Este cenário me ajudou a alargar horizontes e pensar em novas formas de conquistar a autonomia e crescimento financeiro do meu empreendimento. Construir a independência exige dedicação, é um processo longo e permanente”, ressalta.
Ligada a cores, estampas, turbantes e demais acessórios que compõem a riqueza da cultura negra. Erika Santos mostra que o trabalho é realizado com muitas mãos. A confecção das peças fica a cargo da sua mãe, Nirce Santos. “Produzir moda afro exige de nós um trabalho diário de imersão na cultura e religiosidade negra. Fazemos muita pesquisa, cada modelo, tecido e escolha das estampas é muito pensado e articulado com os espaços e vivência no mundo negro”, destaca.

